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- A link to the past [1]
Posted by : Zyky
Dec 28, 2012
- Mamãe, por que temos que decorar a casa no fim do ano?
Richard, ainda criança, ajudava seus pais a decorarem toda a
casa, tanto por fora como por dentro, pra celebrar o fim do ano. Samantha riu
com a pergunta do menino, segurando-o para colocar um enfeite em um enorme
pinheiro que havia no quintal da casa, enquanto Joseph tentava desenrolar
metros de lâmpadas decorativas.
- Porque faz parte da tradição, querido, todos decoram suas
casas com enfeites e luzes na esperança que toda a beleza e alegria que é
passado por eles continuem pelo resto do ano seguinte.
- Mas então por que tiramos os enfeites depois? Se eles
continuarem lá a alegria não fica também?
- É, isso realmente seria mais fácil... – resmungou Joseph –
Staraptor, puxe aquela ponta que eu já desenrolei para não misturar com o
resto.
Humanos e Pokémon estavam em harmonia, rindo e ajudando-se,
mas o menino ainda não estava satisfeito com a resposta. Mesmo gostando desta
época do ano, ainda não entendia o porquê de tanto alvoroço. Samantha,
conhecendo muito bem o filho que tinha, o pegou e o girou no ar, fazendo-o rir
e brincando com ele como raramente fazia devido ao seu importante cargo na
região.
- Quando a mamãe era pequena, ouviu uma história sobre as
luzes do fim do ano.
- Uma história? – e os olhos do menino brilharam.
- Sim, você quer ouvir?
- Quero!
Ela sentou-se na grama, colocando-o em seu colo, enquanto
Ampharos corria para sentar-se ao lado de sua mestra também. Richard adorava
ouvir as histórias de sua mãe sobre as lendas e tradições da região, olhando
para as estrelas quando ela apontou para o céu:
“Há muito muito tempo
atrás, todas as ilhas de Oblivia eram cobertas por neve. As pessoas viviam com
frio e precisavam se esforçar muito para encontrar comida. Seus fins de ano
eram gelados e sem alegria, pois elas não tinham mais esperança. Nem as
estrelas podiam ser vistas devido as nuvens das nevascas, mas então, um
menino...”
- Um menino igual a mim?
- Sim, um menininho muito esperto igualzinho a você. – e lhe
fez cócegas.
“... E então, um
menino, que estava muito triste por nunca ter visto as estrelas, olhou para o
céu e viu uma luz no alto de uma montanha. Ela era colorida e forte, deixando-o
encantado! Ele correu e chamou sua família, mas quando todos chegaram, ela já
tinha sumido. O menino ficou muito triste, pois acabou fazendo papel de
mentiroso.
Na noite seguinte,
olhando pela janela de sua casa, viu novamente a luz brilhar, exatamente no
mesmo lugar de antes, então, disposto a provar que o que falava era verdade,
resolveu ir em busca da luz para trazê-la para sua família. Pegou suas roupas
mais quentes e saiu sozinho no meio da noite, apenas na companhia de seu amigo
Spheal.
Os dois enfrentaram
nevascas intensas, além de terem de fugir de vários perigos da floresta, e
quando finalmente conseguiram escalar a montanha, a luz não estava lá.”
- Não?! – disse o menino indignado.
- Sim, mas calma que a história ainda não acabou...
“O garotinho ficou
muito triste, sentando-se em cima de uma rocha bem grande e começando a chorar:
- Eu só queria mostrar
a luz para a minha família...
Mas então, de repente,
algo brilhou tão forte que fez o menino cair da rocha, escondendo-se com medo.
O brilho era quente, fazendo-o sentir-se como se estivesse no colo de sua mãe,
e quando olhou, era um enorme cristal flutuante. Seu brilho era colorido e
intenso, assim como a luz que via de sua casinha. Com muito medo, aproximou-se
e, com cuidado, tocou no cristal e, na mesma hora, vários feixes de luz se
espalharam pelo topo da montanha, tirando todas as nuvens e mostrando um céu
cheio de estrelas. O menino ficou maravilhado, nunca havia visto tantos pontos
brilhantes em sua vida.
Enquanto admirava o
céu, escutou um piado bem alto, e quando se virou, três aves enormes saíram de
dentro do cristal e pousavam no alto da montanha, uma bem diferente da outra. A
primeira era de um azul muito bonito, como o azul dos lagos cristalinos, tinha
três cristais de gelo na testa e uma longa cauda azul de uma pena só. A segunda
era amarela com as asas pretas, suas penas eram todas espetadas e tinha uma
cara zangada, mas na verdade não era. E a terceira também era amarela, e em
todo o seu corpo queimava uma chama quente e forte, mas que não machucava
ninguém.”
- Esses eram Articuno, Zapdos e Moltres, não eram mamãe?
- Sim, garotinho esperto, eram eles mesmos! – riu abraçando-o
carinhosamente.
- Esperto como a mamãe e forte e bonito como o papai. –
vangloriou-se Joseph sentando-se ao lado da esposa.
- Sim, bem forte como o papai! – riu jogando-se em cima do
homem – Continue a história, mamãe.
- Sim, sim, mas ela já está no fim.
“O menino admirava cada
uma das aves, totalmente imóvel, até que uma delas deu um passo à frente,
dizendo.
- Muito obrigado,
humano, você nos libertou de décadas de aprisionamento.”
- Mamãe, mas Pokémon não falam.
- As aves guardiãs são Pokémon lendários, de vez em quando
conseguem falar com as pessoas, mas só com pessoas especiais.
“- Somos
muito gratos por ter nos libertado, pequena criança.
- Mas por que
vocês estavam presos dentro de um cristal? – perguntou o menino
- Há vários
séculos atrás, brigamos entre nós por poder. – disse Articuno
- E isso só
trouxe desgraça para todos, humanos e Pokémon. – respondeu Zapdos.
- Como
castigo, fomos presos juntos neste cristal, e assim o clima da região entrou em
colapso. – falou Moltres.
- Mas, desde
então, surgiu a lenda de que seríamos libertos por alguém de coração puro que
atenderia ao nosso chamado, ou seja, as luzes.
- Graças a
você poderemos voltar para nossas áreas e reestabelecer o equilíbrio de
Oblivia.
- Todos
ouvirão de você, saberão de sua coragem, e isso servirá de exemplo para as
gerações futuras, de quando a ganância foi derrotada e a luz brilhou no coração
de uma criança.
O menino não
sabia nem o que pensar naquela hora, estava tão maravilhado com aquelas enormes
aves, e pensar que o que fez foi importante para toda a região e que seria
conhecido por todos estava além de sua capacidade de raciocínio. Os três
Pokémon, de forma majestosa, levantaram voo, sendo que o garoto foi de carona
nas costas de Articuno.
Ao chegar em
sua casa, nem mesmo sua família acreditava no que via, e a última coisa que o
Pokémon falou antes de sumir nos céus foi:
- Cuidem bem
dessa criança, e se lembrem deste dia, de quando a luz foi vista na escuridão.
Articuno
encerrou a terrível e longa era de gelo, puxando toda a neve para sua casa no
alto do Mt. Sorbet, Zapdos, com seus trovões, trouxe a chuva para a terra,
voltando para o alto do Mt. Layuda e Moltres fez o sol brilhar novamente, indo
depois para o quente Mt. Faldera.
Depois deste
dia, todas as pessoas começaram a decorar suas casas com luzes coloridas para
lembrarem de como elas ajudaram a vida de todos.”
Ao mesmo tempo em que Samantha terminava de contar a história,
Ampharos ligou as luzes da árvore, deixando toda a área iluminada. O menino
olhava admirado para tudo aquilo, imaginando como seria ver guardiões tão
importantes, bocejando logo em seguida.
- Acho que alguém está com sono. – falou o homem.
- Não, não estou. – protestou Richard – Mamãe, se nós formos
até o alto do Mt. Faldera vamos encontrar Moltres lá?
- Não sei querido, ninguém nunca o viu, e se ele realmente
está lá, deve estar bem escondido. – riu pegando-o no colo – Mas agora chega de
histórias, hora de dormir.
Sem relutar, o menino deixou-se ser levado até sua cama, onde
deitou cansado e sonolento. Joseph o cobriu e lhe deu um beijo de boa noite,
vendo-o se agarrar a um Entei de pelúcia, indo para a porta do quarto, enquanto
Samantha continuou do lado do filho, esperando-o dormir.
- Mamãe?
- Fale Richard, estou aqui.
- A história sobre as luzes é verdade?
- Se é verdade ou não, não importa, e sim que não deixemos a
escuridão tomar conta de nós, mas se você acreditar, então ela é real.
Ela o ninava carinhosamente, cantando algo que o menino não
entendia, mas gostava de ouvir, porém, de repente, um alto apito ecoou no
quarto, fazendo-o se assustar. Quando virou, viu o pai tentando abafar o som de
um comunicador preso ao seu pulso, ouvindo o mesmo apito vindo do comunicador
de sua mãe logo em seguida.
- Ah, eu não acredito... – bravejou Joseph – É urgente.
- O que foi? – perguntou o menino sonolento.
- Problemas na Layuda Island, precisamos ir lá. – disse a
mãe.
- Vocês vão demorar para voltar?
- Não sei querido, parece ser sério.
- Mas nós não terminamos de decorar a casa! E se os guardiões
ficarem chateados quando não virem todas as luzes?
O casal sentiu um forte aperto no peito por ouvir tais
palavras do menino, que estava sentado em sua cama e com olhos chorosos. A
mulher se levantou pensativa, mas sentiu que ele a abraçava com força,
retribuindo o ato e sentindo lágrimas escorrerem em seu rosto. Joseph também se
aproximou e abraçou a família, mas então seu comunicador apitou novamente.
- Desculpe filho, mas eu e a mamãe precisamos ir.
O casal saiu do quarto e, em poucos minutos, estavam na sala,
já com seus uniformes e prontos para partirem. Richard desceu e correu até seus
pais, tentando impedi-los de irem embora:
- Por favor, não vão! Vocês falaram que não iriam no
trabalho!
- Eu sei que estávamos de folga, filho, mas nós precisamos
ir, as pessoas e Pokémon dependem de nós.
- Então deixem eu ir junto, prometo não fazer nada!
- Não, é muito perigoso! Você vai ficar dentro de casa
quietinho até nós voltarmos, e aí terminamos de decorar a casa.
- Querida, vamos no Flygon, assim chegaremos lá mais rápido.
- Não! – gritou, vendo que seus pais o olhavam – Deixem o
Flygon aqui comigo, por favor...
Joseph sabia que precisavam ir logo, e não sabia se Staraptor
aguentaria o peso de todos, mas ao ver os olhos chorosos do seu filho, não teve
escolha.
- Tudo bem, o Flygon fica aqui do lado de fora para te fazer
companhia.
O pai abraçou o menino com força, assim como sua mãe, e logo
depois partiram. Richard olhava na direção em que eles foram até sumirem de
vista, secando seu rosto e se aconchegando entre as patas do Pokémon, que o
acolheu. Estava triste por não poder ter ido com seus pais, por não terem terminado a decoração da casa, por não saber se a história contada por sua mãe
era real ou não, mas principalmente, por não poder ter seus pais ao seu lado o
tempo todo, como outras crianças.
Quando pensou em voltar para sua cama, porém, escutou um
piado diferente do que ouvia pela manhã com os Pokémon pássaros, olhando para o
alto e vendo uma enorme ave azul cortar o céus com toda sua majestade. As
estrelas destacavam-se no céu, mas uma em particular brilhava de forma intensa,
podendo ser visto feixes coloridos dançarem junto com pássaro. O menino,
boquiaberto, admirava tudo com tamanha alegria que mal se movia.
- Era verdade...
Um pequeno e único floco de neve veio dançando com o vento,
caindo em seu rosto, enquanto a ave desaparecia na escuridão da noite, que
estava tão iluminada e colorida como o dia.